quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Acomodações

Das coisas que me machucam, talvez a pior seja essa acomodação ás coisas ruins da minha vida. Lembro que quando criança, eu sonhava e os sonhos nunca se realizavam. Um dia, parei de sonhar coisas, parei de querê-las. Acomodei-me no sono sem cor, no di-a-dia e tudo o que ele me dava, mesmo que fossem coisas ínfimas. E assim eu aprendi a viver, me acomodando. Me acomodei à perda, à falta, à dor, ao frio, ao silêncio, à solidão, à ausência....e isto é o que me deixa triste. As pessoas acham que sou legal porquê nao discuto, não questiono e sempre perdôo as coisas que me fazem. Engano, é pura acomodação. Eu amo demais e sofro demais com quem me magôa mas me acostumo com a dor e quando vejo, já não ligo. Então, aquela pessoa deixa de ser importante. O duro não é sentir a saudade, a falta de alguém, a raiva, a ansiedade em vê-la....é se acostumar com a ausência, aprender a viver sem ela, já não esperar, já não vibrar. Cai no lugar comum do meu coração, onde guardo as "personas non gratas", as memórias ruins, as tragédias ou apenas o cotidiano do qual não ligo. Triste não são as lágrimas, é a ausência delas. A música já não emociona, o dia já não fica nebuloso ou incrivelmente colorido, as coisas já não são as mesmas.....É um eco de um poema distante, cujas rimas se perdem na memória....Um objeto que quebra e não dá para colar os cacos. Ficará sempre a sensação de alguma coisa que nunca voltará ser. Se eu nao me acomodasse tanto, brigaria, gritaria, "quebraria o barraco" antes que fosse tarde, antes que toda a paixão esfriasse ou a grande amizade acabasse, mas eu me calo, entanco o sangue, seguro o grito e me acostumo.

quinta-feira, 24 de julho de 2008

Já se passaram 6 meses desde a minha última postagem e confesso que tentei, por várias vezes, escrever....mas sem sucesso. Talvez eu precisasse de um tempo para sentir as emoções de viver, simplesmente. Talvez eu precisasse transcender a necessidade de arguir a vida, de dar pareceres, de falar sobre ela. Eu precisava tomar parte da ação, como disse Nikos Kazantzakis sobre seu personagem, Zorba-O grego: "como se a dor não fosse senão um sonho e a vida uma tragédia delirante, onde é prova de ignorância e grosseria subir ao palco e tomar parte da ação." Por muito tempo, vivi minha vida como expectadora de uma tragédia. Sem dúvidas, quando tomamos distância das coisas enxergamos melhor. Mas em alguns momentos, por mais grosseiro que isto seja, precisamos tomar parte da ação. Nestes 6 meses, eu vivi um turbilhão de encontros e desencontros, de perdas, de dores e de novas aprendizagens. Conheci pessoas e sentimentos novos e desconheci atitudes em pessoas que eu cria conhecer. Vi fatos, li livros, sonhei e realizei coisas. Então, estou destilando aos poucos tudo isto e tentando transformar em testemunho. Buscando as coisas mais marcantes, lembrei do livro " O Caçador de Pipas" porquê não é simplesmente um livro que conta uma história....é um manuscrito que despe as pessoas em suas emoções e relacionamentos. Fácil associar aos 6 meses vividos longe do blog. No livro, o personagem se mostra humano, flexivel ao tempo e á realidade que o cerca, sentimentos que vão de um extremo a outro, desejos e medos e toda a ambiguidade do espírito humano. O mesmo espírito que evolui, involui, se transforma, se molda como uma massa de argila diante da vida e seus elementos. É o homem essencialmente bom como acreditava Rosseau? Ou a humanidade se enquadra mais na expressão de Hobbes "Homo homini lupus"? A verdade é que a única oportunidade de descobrir sobre os mistérios da alma é adentrando na própria alma, é devagando para dentro de si mesmo como ensina o pensamento socrático. Para isto, precisamos viver a vida de maneira interativa, precisamos dos relacionamentos com as pessoas a nossa volta, precisamos aprender com os outros que estão á distância...porquê é expondo nosso espírito que conhecemos nossas verdades. Lendo "O Caçador de Pipas" me emocionei várias vezes por encontrar ali sentimentos meus, chorei com o Brasil e me horrorizei também com a morte de Isabela Nardoni, e conheci minha capacidade de amar e odiar quando exposta ás atitudes de pessoas próximas.....De tudo isto, o melhor é saber que o saldo é positivo e mesmo com as dores, acredito no Bem, no Amor, em Deus e principalmente, que assim como Einstein, acredito que "O mal não existe, ou ao menos não existe por si só. O mal é simplesmente a ausência de Deus. É, como nos casos anteriores, um termo que o homem criou para descrever essa ausência de Deus. Deus não criou o mal. Não é como a Fé ou o Amor, que existem como existe a Luz e o Calor. O mal resulta de que a humanidade não tenha Deus presente em seus corações. É como o frio que surge quando não há calor, ou a escuridão que acontece quando não há luz."

quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Minha maior fraqueza....

Enquanto criava o Octávio, meu filho, me preocupava primeiramente em formar um indivíduo forte, sem pieguices, sem muitas fraquezas emocionais pois tinha medo que ele sofresse na vida como eu sofri por ser tão doce. Por isso, tentava esconder minhas emoções sempre, sendo constantemente durona com ele e com as coisas a nossa volta. Era como uma grande caçadora que ensiva o filhote a matar um leão. E todos os dias, o preparava para o futuro combate: "Mate o leão", eu dizia dentro de mim, "Custe o que custar, mate o leão". E enquanto racionalmente eu lhe dava os instrumentos certos para vencer a vida, as disputas, os desafios....ia deixando escapar sem querer as minhas "fraquezas". Era com a suavidade de uma borboleta que consentia a ele espaço na minha cama quando o trovão o assustava, era com quebrantamento que recolhia-o no colo quando as coisas eram injustas com ele, era com brandura que perdoava-lhe as falhas e era com gentileza que lhe cobrava o que tinha que ser cobrado. Eu não percebia que deixava tão transparente minhas fraquezas enquato escoltava a alma, enquanto vestia a couraça de um guerreiro. Hoje, quando vejo o que deu tudo isso, vejo que devo a minha fraqueza a maior força do meu pequeno caçador. Graças a ela, ele é capaz de se compadecer do próximo, ele estende a mão com grande generosidade aos que precisam dele, ele é incansável para compreender, aceitar sem julgar, sorrir diante da dificuldade. Foi graças a minha fraqueza que quando eu me pergunto: "Onde estão os leões?", compreendo que vão sendo dominados e amansados por toda a doçura, a forte doçura que dei a ele.

sábado, 29 de dezembro de 2007

A maldição de Lilith

Acabara de entrar no recinto quando ouvi um comentário grosseiro à respeito da nossa chegada. Vinha de uma desconhecida que nos olhava enfurecida. Minha irmã perguntou: O que nós fizemos para a moça? - Respondi: "Estou viva, respiro. Só este fato já deve incomodá-la." Apesar do despropósito, estou acostumada com estas atitudes de algumas mulheres que se sentem ameaçadas com a minha presença. Mas o que tenho para causar isto? A maldição de Lilith. Muitas mulheres são vítimas da simbologia da mulher que não aceitou a submissão imposta, abrindo mão do Paraíso para reinar na escuridão. Lilith é a feminilidade plena, transformada em demônio pelas religiões patriarcais dos tempos antigos, que viam na mulher um perigo, uma ameaçada. Lilith é a voz sufocada do inconsciente feminino que quer ser igual, quer relacionar-se sexualmente por desejo, quer ser livre....Maria Madalena, como mostra os manuscritos de Nag Hamadi, no alto Egito, foi uma das mais importantes apóstolas de Cristo, conquistando o lugar de predileta junto ao Mestre. Mas durante mais de mil anos, foi injustiçada pela história onde ficou conhecida como uma prostituta arrependida. Teve também, seu evangelho retirado da Bíblia porquê incitava à manifestação da mulher na Igreja, ameaçando o domínio masculino e o Clero não permitia isso. Mostra disto é a história de Joana D'arc, que ousou liderar um exército em Orleans, na França, causando a rendição destes, com apenas 19 anos. Influenciou o rei Carlos VII e toda uma nação. Não demorou para que alguém a visse como uma ameaça: o bispo Pierre Cauchon que a entregou aos ingleses para ser julgada e queimada como bruxa. Mulheres como Juana de Maldonado e Juana Inês de La Cruz que, para viver o desejo de escreverem e terem liberdade de pensamento, preferiram os frios aposentos dos conventos. Abdicaram do amor para viver o talento, mas não aceitaram a tutela dos casamentos arranjados e castradores, o jugo de serem apenas esposas, de uma vida alienante. Foram gloriosas poetisas e deixaram suas marcas culturais mas também pagaram o preço de serem pensantes, absolutas. A história está sempre injustiçando as "mulheres Liliths" e sendo obrigada a se retratar. Mas como disse Napoleão Bonaparte: A História é um conjunto de mentiras sobre as quais se chegou a um acordo. Enquanto a feminilidade que busca seu lugar ao lado da masculinidade como forças que se completam, yin-yang, sol e lua, dia e noite for um conflito mal resolvido, visto com medo pelos arquétipos colocados pelas sociedades machistas e patriarcais, mulheres como eu, como Joana D'arc, como Florbela Spanca sofreremos a maldição de Lilith, a maldição de sermos nós mesmas, de nos amarmos, nos acreditarmos e buscarmos nossas realizações. Sofreremos sim, todo o peso dos conceitos e preconceitos, mas está estampado em nossos rostos a beleza da realização pessoal.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

CPMF e a Cultura da Miséria

"Somos miseráveis" diz um texto de Jabor no Jornal O Povo(A miséria está nos modernizando). Devemos concordar com ele quando constatamos que no nosso país, pagamos 74 tributos diferentes e ainda, tarifas e taxas pelos serviços básicos como saneamento, energia, pedágios. A arrecadação de impostos e contribuições federais em novembro, de R$ 52,414 bilhões, é recorde mais uma vez. E, enquanto a arrecadação aumenta, a nossa posição no IDH cai. A estatística serve para avaliarmos que o desempenho administrativo dos recursos públicos não melhora na proporção que a arrecadação aumenta. Os programas sociais, por exemplo, só têm servido para fixar a dependência da população de baixa renda na máquina governista. São tantos os benefícios que leva ao questionamento fácil sobre existir vantagem em trabalhar e ganhar pouco. E é nesta linha de culto à miséria que se instala no Poder os políticos inescrupulosos que exploram os pobres para se manter no governo. Nesta linha de culto à miséria que o contribuinte é apenas uma massa produtiva que carrega a alta carga tributária em seus ombros e ainda sustentam os planos de saúde, o ensino particular, as seguradoras, as montadoras de carro e, principalmente, as instituições bancárias. É a massa produtiva que, apesar da falta de incentivos fiscais, dos juros altos, conseguem manter a economia brasileira, geram mais empregos, movimentam o comércio, apesar de serem reféns da falta de segurança, da falta de serviços de qualidade, da falta do apoio governista. Agora, com a desculpa da melhoria na Saúde, querem instituir a CPMF. O que a Saúde precisa, assim como todo o Estado, é tornar a arrecadação um sistema eficiente, é da criação de incentiovos que provoquem o crescimento econômico para que existam mais empregos e diminuam as desigualdades sociais. Precisamos de uma Educação de mais qualidade para que o trabalhador brasileiro tenha condições de competir num mundo globalizado, com a mão-de-obra de países como os Tigres Asiáticos. Precisamos de um combate ostensivo á corrupção. Precisamos de uma reforma urgente nos salários e benefícios dos políticos, para que a máquina administrativa seja de fato, enxuta. Isto seria respeito à Saúde, aos que realmente precisam de ajuda do governo, aos contribuintes. Apenas assim para não sermos todos miseráveis.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Resiliência

Resiliência é um termo usado em física e diz respeito à capacidade de um determinado material voltar à sua forma original depois de suportar uma grande pressão. No aspecto de nossas vidas, significa a capacidade de superar grandes pressões, grandes problemas e ver uma luz no fim do túnel.
Revendo a minha vida, não lembro de ter sido, em algum momento, poupada ou protegida de passar por coisas muito ruins. Ao contrário. As pessoas que mais amei foram as mesmas que me deixaram "chorando na chuva" quando eu mais precisava delas. Elas que sempre me preteriam por pena de alguém ou para poupar outra pessoa. E foram situações realmente terríves como perdas de pessoas importantes, problemas de saúde, falta total de recursos para sobreviver....e eu sobrevivi. Talvez elas vissem em mim uma força ou uma capacidade que me suprimiria da dificuldade, mas na verdade, eu não tinha tal força e nem tenho ainda. Eu sofro, assim como qualquer outro ser humano, eu sofro: Com as dívidas, com o desemprego, com a morte, com a desilusão. Assim como qualquer ser humano, a pressão me machuca e eu me desespero, enlouquecidamente. Fico sem dormir, sem comer, choro muito. O que difere é saber que "estou chorando sózinha na chuva" e que ninguém virá enxugar minhas lágrimas, ninguém virá me socorrer, ninguém resolverá meus problemas. Então, só me resta levantar, olhar para todos os lados e buscar a solução em algum lugar. Muitas pessoas ridicularizam os livros de auto ajuda porquê não vêem ali nenhuma aprendizagem significativa, mas como escreveu Richard Bach no livro "Um": se você lê e entende é porquê aquilo já existe dentro de você, ae alguém lê e não entende, não alcançou aquele estágio de compreensão. Buscar ajuda, seja ela onde for, já é um sinal da necessidade de se voltar á forma original. Uma amiga uma vez, me falou que força não era enfrentar as situações, era ter a capacidade de juntar os cacos e se reconstruir. Sempre encontro uma saída, às vezes demorada, às vezes rápida, mas sempre encontro uma saída. É minha maneira de voltar a minha estrutura original....e se alguém vier me perguntar: como? É minha resiliência.

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Criando um jardim

Amor pela terra, pelo mato, pelas plantas e flores é antigo, desde que me conheço por gente. Eu passava a maior parte do dia em cima de uma árvore, feito uma macaquinha. E se não estava lá, estava mexendo na terra, de pés descalços, brincando com os bichos. Herança guarani. Mas o hobbie da jardinagem é meio recente e a cada dia mais me dá prazer. Uma das coisas que descobri é que isto tem sido um remédio para a alma, uma resposta para minhas inquietações. Um jardim ensina, disciplina. Eu sempre fui uma pessoa agitada, sem paciência com nada e principalmente com as pessoas. Acho que sou tão estabanada que às vezes, no decorrer da minha vida, releguei meus relacionamentos á um plano inferior. Culpa de não olhar mais fundo. Bem, quando eu comecei a fazer o meu jardim, sofri um pouco. As primeiras plantas quase não vingaram. Um dia alguém falou: Para plantar, você não pode ter medo de mexer na terra, na planta...ela tem que sentir a sua energia. Foi o primeiro passo: a entrega, o envolvimento. E foi me envolvendo que passei a me interessar por elas. De repente eu me peguei buscando saber sobre cada uma, se gostava de mais ou de menos rega, de mais ou de menos sol, de mais ou de menos vento. Fui desvendando seus segredos para entendê-las. Comecei a descobrir que não bastava apenas água, elas precisam de adubo, fertilizantes, inseticidas. Que elas falar através das suas folhas, das flores se estão felizes. Mas eu preciso olhá-las, profundamente, todos os dias. E todos os dias eu tenho que me dedicar, ao menos um pouco, á elas.É preciso protegê-las, tirar-lhes as folhas secas, as flores mortas, os galhos inúteis, ver se estão doentes, se há algum bichinho querendo ceifar suas vidas. E aprendi a respeitar o tempo, os ciclos de plantio, de podas, de desdobramentos. Aprendi que é preciso semear e esperar com paciência até que nasçam as primeiras folhas e cresça o caule. E às vezes demora para abrir a primeira flor, mas é uma experiência de inesgotável alegria. Com meu jardim aprendi a amar e compreendi que as pessoas são como plantas que adornam as nossas vidas. Não é fácil semeá-las, não é fácil cultivá-las mas com dedicação, cuidado, carinho, você terá flores todos os dias lhe sorrindo.

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Dia da Consciência Negra

É claro que eu sei que o Dia da Consciência Negra foi dia 20, mas só hoje tive tempo para escrever. Para começar, declaro que não concordo com a data pois me passa a sensação que o negro não tem consciência dele mesmo e se ele não tem, quem vai ter? Não existe algo mais antagônico que falar em igualdade, em política igualitária, em discriminação ao mesmo tempo em que se exalta a diferença criando datas comemorativas, cotas em faculdades, enfim...segregação racial. Para começar, existe a ignorância no próprio conceito de racismo pois todas as pessoas do mundo são da mesma raça, a raça humana. A diferença são as variedades genéticas que trazem esta profusão de tipos físicos. E devido a essa miscelânea mesmo que existe hoje em todo o mundo, é impossível isolarmos cada tipo em uma casta especial prestando-lhe assim, um tributo. Teríamos que criar também um Dia do Mestiço, um Dia do Asiático, um Dia do Anglo-Saxão descendente. Isto seria igualdade. Bem, se houvesse isso, eu não saberia qual seria o dia da minha ascêndencia, afinal, como a maioria dos brasileiros eu tenho no mínimo três e me orgulho de cada uma delas, pois conheço a história dos homens que construíram o Brasil e a humanidade. Cada grupo, inserido em seu íngreme ambiente, em suas dificuldades, com as suas limitações, buscaram sobreviver, criaram condições, forjaram ferramentas. A humanidade, em sua jornada, foi capaz de feitos grandiosos e deslizes terríveis, mas criou suas culturas variadas, suas crenças diversificadas, suas bandeiras e fronteiras. É claro que existe uma dívida moral e histórica com os homens originários da África, sequestrados de seu povo para serem escravizados em países de todo o mundo.Isto é uma dívida de toda a humanidade, assim como existe a dívida com os povos pré-colombianos de quem roubamos a terra. Mas não creio que um único dia de cada ano, possa tornar diferente o preconceito étnico. A xenofobia deriva da ignorância, assim como a maioria dos males sociais. A consciência que derruba preconceitos tem que ser dada no ensino de qualidade, que conte a história verdadeira de conquistas bizarras que destruíram civilizações, de uma abolição irresponsável que marginalizou os negros escravizados, de lutas sanguinárias em prol do direito a existir como povo. É preciso ensinar sobre Mandela, sobre Bob Marley, sobre Zumbi, sobre Billie Holliday e levar esta cultura toda, tão intensa, tão vasta, para todas as pessoas. Precisamos é cobrar do governo a melhoria do estudo e da cultura, para que todos tenham real acesso às culturas oriundas de outros continentes, que ajudaram a construir a nossa identidade como nação. O Afro é apenas uma delas e com certeza, uma cultura linda, rica, histórica, que fundamentou a música criando o jazz, o blues, o rock, o samba, o axé; que apimentou a dança com sua ginga quente, sensual como nos ritmos caribenhos e no samba brasileiro, a capoeira (minha grande paixão, saudações á meu Grupo Besouro), o tempero, as comidas. Quem sabe quando as pessoas saírem de seu ostracismo mental e saberem que intelectuais brasileiros eram afrodescendentes (como Machado de Assis, Castro Alves, Lima Barreto) , que a bendita mistura de genes contribue para nos tornar mais resistentes á doenças; que nas Guerras como a do Paraguai, a Invasão Holandesa em Pernambuco, Revolução Farroupilha houve a necessária contribuição dos negros, reconheceremos que o nosso país é moreno, mestiço e onde não cabe divisão de etnias.

"O negro está fora da Ordem

Em nós, até a cor é um defeito.
Um imperdoável mal de nascença,
o estigma de um crime.
Mas nossos críticos se esquecem
que essa cor é a origem da riqueza
de milhares de ladrões que nos
insultam; que essa cor convencional
da escravidão tão semelhante
à da terra abriga sob a superfície
escura, vulcões, onde arde
o fogo sagrado da liberdade" Luiz Gama

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Elitismo: A crença da ignorância

Segundo a Wikipédia, elitismo é o sistema embassado no favorecimento de uma Minoria. Não existe nada mais preconceituoso, imoral e degradante que algo que favorece apenas alguns. Por isso mesmo, o elitismo é tão terrível. Mas infelizmente, uma minoria se acha melhor que os outros á sua volta e cria rótulos, faz críticas destrutivas, especula negativamente tudo o que é voltado para uma massa ou cai no gosto popular. Incrível que a história nos mostra o quanto a análise crítica pode se modificar, se desdizer ou se aprimorar ao longo do tempo. Vejamos o exemplo de Grandes Personalidades como Berlioz quando desenvolveu seus "poemas sinfônicos" num período em que Paris estava voltada à ópera. Ele viu sua música mergulhada numa grande aura de fracasso e que, mais tarde, se tornaria uma precursora do Romantismo. Lembremo-nos que a ópera surgiu como um entretenimento popular que volta e meia, utilizava-se do burlesco para apresentar obras sérias. Shakespeare foi "O mais famoso dramaturgo da história" porquê escrevia e se apresentava para as massas, falando de sentimentos simples, de coisas cotidianas, de fácil compreensão para seus contemporâneos. Com certeza, alguns elitistas torceriam o nariz á ele. Ilustrador também foi o surgimento do Impressionismo, quando Millet começou a pintar paisagens com esta nova técnica e foi rejeitado pelos acadêmicos. Foi preciso a tutela de Napoleão para que suas obras fossem vistas de outra maneira. O próprio modernismo sempre envolveu-se com o preconceito, o elitismo de uma minoria para se firmar e isto apenas aconteceu com o apoio das multidões. É o caso do rock que começou como o levante dos negros americanos, foi criticado pela sociedade conservadora e branca, virou modismo e terminou sendo o ícone de contestação até hoje. E nada mais comum do que a própria contestação. O Movimento Hippie, que começou na década de 60, contestando a Guerra do Vietnã e depois, o modelo social e econômico-militar da classe média americana, a segregação racial, com um discurso pacifista, anti-nacionalista e criou uma identidade forte. Além de todos os conceitos de uma "sociedade alternativa" à contestada, tinha seus símbolos, suas gírias, sua música, seu estilo visual. Foi aclamada por muitos e odiada por alguns e dividiu a história em antes dos hippies e depois dos hippies. O tempo passou e alguns conceitos resistiram, outros se tornaram obsoletos. O estilo, símbolo da contestação, se tornou o símbolo dos vovôs e vovós legais que "fumavam um baseado" e curtiam aquele rock que jovem nenhum escuta mais. Que coisa, não? Como pode algo tão impactante se transformar em "breguinha"? Mas como disse Walter Benjamim: "frui-se, sem criticar, aquilo que é convencional; o que é verdadeiramente novo, é criticado com repugnância." Bem, na luta do Bem e do Mal.....ops, na luta do que é Cult, In, Chique para o que é Inculto, Over, Comum e outros....contra o elitismo, acho que o mais certo é dar o direito de cada um ser, ler e curtir o que gosta. Sentir e assumir sua própria identidade. Usar e abusar da Livre Escolha, independente da indústria do consumo. Quem somos nós para julgar? Diante de qualquer impasse, vale o que a Ministra diz: Relaxa e Goza.....

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Discurso de Posse Academia Brasileira de Letras - paulo coelho

28 de Outubro 2002
SIC TRANSIT GLORIA MUNDI. Dessa maneira, São Paulo define a condição humana em uma de suas epístolas: a glória do mundo é transitória. E, mesmo sabendo disso, o homem sempre parte em busca do reconhecimento pelo seu trabalho.
Por quê? Um dos maiores poetas brasileiros, Vinícius de Moraes, diz em uma de suas letras de música:
“E no entanto é preciso cantar
mais que nunca é preciso cantar.”
Vinícius de Moraes é brilhante nestas frases. Lembrando Gertrud Stein, no seu poema “Uma rosa é uma rosa, é uma rosa”, apenas diz que é preciso cantar. Não dá explicações, não justifica, não usa metáforas. Quando me candidatei a esta Cadeira, ao cumprir o ritual de entrar em contato com os membros da Casa de Machado de Assis, ouvi do acadêmico Josué Montello algo semelhante. Disse-me ele: “Todo homem tem o dever de seguir a estrada que passa pela sua aldeia.”
Por quê?
O que existe nessa estrada?
Que força é essa que nos empurra para longe do conforto daquilo que é familiar, e nos faz enfrentar desafios, mesmo sabendo que a glória do mundo é transitória?
Creio que esse impulso se chama: a busca do sentido da vida. Por muitos anos procurei nos livros, na arte, na ciência, nos perigosos ou confortáveis caminhos que percorri uma resposta definitiva para essa pergunta. Encontrei muitas, algumas que me convenceram por anos, outras que não resistiram a um só dia de análise; entretanto, nenhuma delas foi suficientemente forte para que agora eu pudesse dizer:
o sentido da vida é este.
Hoje estou convencido que tal resposta jamais nos será confiada nesta existência, embora, no final, no momento em que estivermos de novo diante do Criador, compreenderemos cada oportunidade que nos foi oferecida – e então aceita ou rejeitada.
Em um sermão de 1890, o pastor Henry Drummond fala desse encontro com o Criador. Diz ele:
“Neste momento, a grande pergunta do ser humano não será: “Como eu vivi?”
Será, isto sim: “Como amei?”
O teste final de toda busca é a dimensão de nosso Amor. Não será levado em conta o que fizemos, em que acreditamos, o que conseguimos.
Nada disso nos será cobrado, mas sim nossa maneira de amar o próximo. Os erros que cometemos nem sequer serão lembrados. Não seremos julgados pelo mal que fizemos, mas pelo bem que deixamos de fazer. Pois manter o Amor trancado dentro de si é ir contra o espírito de Deus, é a prova de que nunca O conhecemos, de que Ele nos amou em vão.”
Lendo a vida e obra daqueles que, antes de mim, ocuparam a Cadeira 21, independentemente de acreditarem ou não naquele encontro com o Criador, este é o primeiro elemento mais presente: amor. Todos buscaram um sentido para suas vidas, mas, enquanto o procuravam, souberam transformar seus passos em manifestações de amor ao próximo. E aí o amor é entendido como algo mais amplo do que o simples ato de gostar............
(Veja este discurso na íntegra no site: http://livros-sygurd.blogspot.com/)

sexta-feira, 9 de novembro de 2007

Natal próximo, tempo de aprender.......

Precisamos aprender, á qualquer custo, precisamos aprender.....Á não desistirmos nunca de nossos sonhos, de nossas realizações porquê às vezes, é preciso tentar, como Thomas Edison que tentou e falhou tantas vezes e perguntado sobre os fracassos, ele respondeu: "Eram passos do caminho". É preciso aprender com os passos do caminho á amarmos mais, mesmo que as tentativas anteriores não deram certo. Amar também é erro. É preciso sermos mais tolerantes para que não existam mais 11s de Setembro, nem Hiroshimas, nem Vietnãs, nem guerra nenhuma. Precisamos cuidar melhor de nossos filhos para impedir que o tráfico continue fazendo tantas vítimas, para que não mais existam clínicas clandestinas de aborto, para que os pedófilos morram á míngua. Precisamos não calar os horrores para que não mais existam as impunidades e as covardias, os campos de concentração, os AI-5s, os massacres de Haditha ou Mi Lay, da Candelária ou do Carandiru. Precisamos aprender a cuidar do planeta para que a vida não se extingua como as florestas. Deixe de agir “o homem como senhor e proprietário da natureza” como disse Descartes e assuma o papel de Protetor e Beneficiário dela, lembrando que tudo o que pegamos da Terra é emprestado e precisa ser devolvido. Precisamos aprender a sermos donos de outras coisas. Precisamos, por exemplo, sermos donos do nosso País e não deixarmos mais ele legado ao apetite voraz e vil de políticos corruptos. Precisamos aprender o quanto pagamos de impostos, quais são nossos reais direitos, quanto pagamos a esta corja para que eles trabalhem para o País. Precisamos aprender sobre o que é justo, equitativo, correto, para que não mais haja miséria, prostituição infantil ou crianças índias desnutridas. Precisamos nos horrorizar com crianças arrastadas por um carro roubado assim como nos horroriza a situação de cada criança nascida na favela. Precisamos, enquanto ainda é tempo, aprender que esta é a hora de mudarmos o rumo da humanidade se quizermos que o amanhã chegue sem grandes catástrofes, sem aquecimento global, sem hecatombe nuclear....Então, pensemos nisso quando o Natal chegar e o Menino Jesus estiver dentro de cada coração.

domingo, 4 de novembro de 2007

Desejo de Viver

Tenho vivido nos últimos tempos, experiências significativas de Vida e Morte. Depois de quase perder meu Roliço (o gato preto que foi capa do jornal) e ver meu Smeagol ( o vaquinha) doente, depois de cuidar do passarinho que minha irmã trouxe todo machucado e assistir a luta dele para viver (mas infelizmente acabou morrendo) e por fim, encontrar o Menininho (o gato tigrado) morto atropelado, fiquei pensando sobre o que determina morrer ou viver.....Claro que acredito na vontade de Deus, mas eu questiono a Vontade de Viver. Observando escritos alheios, percebi que a maioria das pessoas atribuem ao homem o Desejo de Viver, mas as experiências com os bichinhos acima, me obrigam a concordar com Schopenhauer e crer que esta vontade está na natureza cósmica instintiva dos seres vivos. Sim, algo dentro de nós sempre nos compele para a vida, para a batalha da sobrevivência. É ela que tem o poder de determinar quem vive ou morre. É talvez o sentido da seleção natural de Darwin e que gera os milagres que as vezes nos passam despercebidos. Numa época em que se fala tanto em depressão e suicídios cada vez mais comuns, os hospitais estão abarrotados de pessoas com doenças terminais que superam suas expectativas de vida e muitas vezes chegam até a cura de forma inexplicável. Vi Sacha, o passarinho da minha irmã, chegar toda machucada, sem poder ficar em pé, lutar desesperadamente para viver, fazendo um esforço incrível para tomar a ´água que eu pingava no seu bico. Senti a mesma vontade no Roliço vendo sua recuperação após ficar todo arrebentado. Lembrei-me do Osmar Santos, Lars Grael, a professora Andréia Lisboa que teve a perna arrancada enquanto passeava de Banana Boat,do escritor Imre Kertész (prêmio Nobel de Literatura, sobrevivente de Auschwitz.....O que levou estas pessoas a passarem por cima da morte eminente? O Desejo de Viver, que está gravado em nossos cromossomos assim como a necessidade de respirar, é nossa essência primordial. Lutar pela vida, superar os obstáculos, resistir, sobreviver.....O que estraga isto é justamente o nosso senso moral, é justamente a racionalidade, a nossa propriedade de pensar, que nos distancia da plenitude da vida, da plenitude de Deus.

quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Quando o amor está partindo


Um dos piores sintomas que existem é o de um amor que está partindo. Você sente quando os telefonemas já não são tão constantes como eram, as palavras já não são de uma paixão emergente, a presença já não é constante. Você observa que já não conhece a rotina do amado. Já não há sua foto onde existia uma, a conexão vai se perdendo. Dóe? Dóe, muito. Porque é muito difícil pensar que depois de se acostumar com os hábitos do outro, de conhecer seus gostos, de criar um universo de voces dois, de reconhecer seu perfume, de saber como ele gosta de café ou sua marca de cerveja predileta, depois de ouvir seus medos e sonhos.....ele possa partir. E é difícil pensar que não vai haver ninguém que lembre de comprar aquela revista que você gosta, de te oferecer café de manhã porque sabe que você precisa disso prá começar o dia....É difícil sim, pensar que seu companheiro de viajem vai descer na próxima estação para seguir um caminho diferente do seu....Mas isto acontece e, claro, poderia acontecer comigo. Estou sofrendo sim, há muito tempo, desde que começaram os primeiros sinais. Mas por outro lado, amar tanto significa compreender, querer o bem e é isso que me deixa contente. Eu amei muito meu doce companheiro. Com ele aprendi muito, me realizei muito, sonhei e partilhei muito....mas sei que faltou alguma coisa. Compreendo a minha limitação e a necessidade dele em seguir viagem atrás da própria felicidade. Por mais que seja difícil prá mim, estou feliz por ele e quero que ele saiba que amarei aquela que ficará em meu lugar, pois dará á ele tudo o que eu não consegui dar. Amar também é renunciar quando não há alegria de algum parceiro. Não posso querer alguém apenas pela minha precisão e deixar que o outro seja infeliz. Que ela venha para o lado dele sem medo, culpa, sem nenhum ranço...porque a tentativa de estar ao lado é valida mas não é a única forma de amar. E ele me deu tudo, toda a alegria possível, todo o sonho possível e mais que ninguém, ele merece ser feliz.

O Halloween, as bruxas e etc........

Hoje é halloween e aproveito para fazer algumas conjecturas á respeito disso tudo. Afinal, eu também sou bruxa....não é verdade? Mas o que faz eu me considerar assim? Bem, considerando o aspecto histórico, o Halloween era uma festa popular dos povos gálicos e bretões e marcava o final do verão. Era o Samhain, a festa do deus morto, pois os celtas tinham suas crenças baseadas nos ciclos da terra (o paganismo). Pois bem, quando o catolicismo chegou á esses povos, adaptou a festa tornando-a o "Dia de Todos os Santos" para destruir os elementos pagãos em favor dos santos católicos. E finalmente, num dos episódios mais tristes da história, na época da Inquisição, houve a perseguição feroz e desumana aos que, por algum motivo, não eram tolerados pela igreja. Bruxa era um termo pejorativo para distinguir as mulheres que viviam sós, que aceitavam a sua natureza, que buscavam o conhecimento, que não eram conformistas.....e as que ajudavam as pessoas ao redor através da ciência ou dos seus dons. Foram estas mulheres, em sua maioria, as bruxas que a Inquisição queimou, num exemplo sinistro de ignorância, intolerância e total desprezo para o próximo. E em apoi a estas mulheres, tão parecidas comigo, eu posso me intitular "bruxa". Sob o aspecto psicológico: há o conhecido "Complexo de Cinderela", ou a mulher que está sempre á espera de um prícipe que venha ajudá-la a sair da situação de perigo. Quem é a princesa? A que vive num castelo, cercada de mimos e cuidados, de soldados e servas, sob a tutela de pais amorosos e zelosos. Ela sai dessa tutela para os braços do príncipe....Ah! E a bruxa? Bem, a bruxa mora na montanha, sózinha, tentando resolver seus problemas sem a ajuda de ninguem...e se o Castelo da Bruxa é feio é porque ela não pode contar com ninguém para fazer os ajustes na manutenção(HÀHÀHÀ). Só não concordo que ela precise ser feia pois sob o aspecto psicológico, eu sou bruxa...mas não sou feia! Ainda existe o aspecto filosófico da coisa: Bem, o homem está sempre buscando respostas para os mistérios que o cercam. Há sempre a necessidade de explicar tudo, de racionalizar tudo. Podemos dividir os grupos humanos em vários sub grupos através da maneira de ser ou viver. Existem os crentes e os céticos, os racionais e os místicos, os tolerantes e os intolerantes e assim por diante. Mas e as pessoas que pairam sobre tudo isso? Quem são elas? Os seres que sabem entender e aceitar seus paradoxos, sabem acreditar em Deus mas não fazem da religião um cavalo de batalha ou um Tribunal Inquisidor para condenarem á todos os que pensam diferente. Os que olham para tudo e todos buscando a essencia do bem, que acreditam na Magia do Amor, da Fé, do Bem. Que entendem o vento, a vibração das plantas, o olhar dos animais e decifram seus códigos. Que falam com os Anjos...Elas existem? Claro, olha eu aqui! Só não sei se isto é ser bruxa ou fada. Mas o mais importante é que hoje é dia das bruxas...então VIVA ELAS! Comemorem fazendo uma boa limpeza para melhorar a energia da casa, tome um banho perfumado, plante, acenda velas coloridas, olhe prá lua......eu te garanto que alguma força maravilhosa vai sair disto e te dar uma enorme sensação de bem-estar. E acredite nas bruxas....pois precisamos de um mundo mais lúdico, precisamos de mais fantasia, precisamos ao menos acreditar....

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Prá não dizer que eu não falei das flores......


Todos lembram dessa música, não é mesmo? Afinal, ela foi um ícone da geração anterior a minha, a geração que foi calada pela ditadura militar. A geração pensante, opositora, radical. Sinto falta disso no mundo de hoje. Aliás, sinto falta de muita coisa que hoje se tornou tão difícil. Honra, fantasia, polidez, respeito, isso creio que são coisas que já ficaram lá atrás. É, hoje estou meio revoltada, meio subversiva com as coisas. Porquê hoje eu me sinto um "Admirável Gado Novo" como canta Ramalho, diante da tal globalização e essa bagunça que virou a vida. Veja bem, antes você ia na esquina, comprava e pedia para o S. Manoel anotar na caderneta. E dava certo. Sabe por quê? Porque todos tinham honra, todos tinham zêlo em ter um nome conceituado. O pobre tinha orgulho de ser honesto, não é como hoje que o sujeito tem a cara de pau de querer te extorquir dinheiro no sinal, na porta do restaurante, no estacionamento...com cara de mal e diz.....é melhor do que eu roubar, né, dona. Hora, se ele quizer ser ladrão, criminoso, o problema é dele e não da situação financeira em que ele se encontra. Agora eu, assalariada, honesta, pagante de tudo o que exigem, tenho obrigação de dar dinheiro prá malandro porque senão ele me rouba, então eu dou, né....Mas voltemos a tal globalização. Hoje você depende de cartão (porque senão te roubam) e de comprar em grandes redes (porque supostamente você economiza tempo achando tudo em um lugar só), leva um aparelho de celular ou um desses malditos livres como o meu que chega pelo correio em uma caixinha, com uma notinha que fazem voce assinar para entregarem (você não tem como conferir nada). Bem, até aí tudo bem...Até você se interessar em levar algum aparelho eletronico que acabou de entrar em oferta....Chega em casa, a benção não funciona. Mas tem um número de SAC no fundo. Ah, que bom! Só que depois de ouvir aquela série de opções infinitas, você opta pela Assistência Técnica...e a ligação cai. Isso você fica uma semana para falar com eles e termina seu prazo de troca do aparelho. Caramba. Você tenta resolver daqui e dali e nada, só fala com a URA (a porcaria do robozinho da central telefonica). Aí chega o dia do vencimento do cartão e você liga na Central pois eles não podem te cobrar por uma coisa estragada. Háháhá, é pior ainda. Você vai no PROCON e descobre, depois de horas a fio que eles nunca podem fazer nada, pois acabou o prazo de devolução, você aceitou os termos do cartão....assinou quando recebeu a porcaria....E você fica com todos os ônus da vida de um mundo globalizado, cada vez mais caro e com serviços cada vez piores. Como você se sente? UM PALHAÇO. E daí? Você não existe para o dono do cartão, para o fabricante do aparelho, para o grupo proprietário do Hipermercado, para o governo, para a justiça, para ninguém. O mundo passou a ser apenas uma máquina de faturamento onde nós somos debulhados, amassados até que se faça o pão (deles). Ah, e as flores? Bem, para não dizer que não falei das flores......ainda bem que ainda posso plantá-las, admirá-las e sentir que me resta um pouco de dominio próprio.

sábado, 27 de outubro de 2007

Violência infantil



Entre as mais variadas desumanidades existentes, a mais perversa é a feita contra aqueles que não podem se defender, que não podem respoder à altura, que não sabem como evitá-la. É o caso da violência praticada contra animais, velhos e principalmente crianças. Todos se horrorizam, todos se posicionam absolutamente contra mas ninguém assume sua responsabilidade perante ela. Qual responsabilidade? A de não se calar, a de não aceitar pacificamente por vergonha, medo, ou apenas por comodismo. Nós criamos os filhos e é nosso dever instruí-los quanto ao certo e errado. Devemos mostrar á eles que são responsáveis (ou devem ser) pelos seus atos e por isso, devem evitar gravidezes inesperadas, relacionamentos sem amor que podem gerar filhos rejeitados,e por aí adiante, para que, nesta situação, a criança não acabe pagando pelos erros de pais irresponsáveis, despreparados, estressados e violentos. E nós, como adultos, devemos estar atentos para não permitirmos que a violência acabe acontecendo embaixo do nosso nariz. A gente se cala diante de um governo corrupto, diante de uma polícia injusta e arrogante, diante de serviços públicos horríveis....mas não diante da violência infantil, que deve ser denunciada, mostrada, exterminada. Devemos ser unidos e no mínimo, quando a covardia impedir que você faça algo, conte para mim, conte nos sites, nas comunidades do Orkut. Não seja cúmplice, não seja conivente com isso, não aceite vídeos de pornografia infantil, não aceite seu parente estúpido que comete abusos físicos ou emocionais a um filho, não se cale quando perceber uma criança em situação de risco. Lutemos por uma sociedade melhor e se puder, assista a esse vídeo:

sábado, 20 de outubro de 2007

À respeito do Amor!

O Amor é esse furacão que chega e arrasa tudo o que vê pela frente? Ou é essa suavidade que dá uma sensação de paz para a vida? Bem, eu particularmente, acredito que podem ser os dois e mais uma infinita quantidade de emoções que existem. Porque amar implica em sair de si mesmo e contemplar outro alguém, admirá-lo, fazer dele a sua razão de viver. E isso mexe com a gente. Quando se deixa de lado o próprio eu, estamos á mercê da vontade do outro. Estamos amarrados á ele porque dependemos de algo naquela pessoa para nos sentirmos inteiros. É como se o Amor nos tornasse um parasita.....E é aí que tudo acontece. Claro que quando o Amor for mal distribuído entre duas pessoas vai gerar raiva, frustração, amargura, dor. Claro que se o Amor estiver em plena sintonia entre os dois vai gerar doçura, paz, contentamento, alegria. Tudo porque o Amor não se compõe sózinho. Ele depende de dois seres para existir: o amante e o amado. Se o sentimento é recíproco, de troca, é maravilhoso, mas se ele vem em mão única, é desastroso.
Bem, o mais importante disto tudo é que sempre vale á pena amar: mesmo que só você ame, mesmo que chore, mesmo que sofra.......porque você vai aprender com ele a ser mais forte, mais segura, mais conhecedora de seus limites e capacidade, angustias e alegrias. É assim como o autor descreveu em seu texto sobre o Amor:

Certezas

Não quero alguém que morra de amor por mim...
Só preciso de alguém que viva por mim, que queira estar junto de mim, me abraçando.
Não exijo que esse alguém me ame como eu o amo, quero apenas que me ame, não me importando com que intensidade.
Não tenho a pretensão de que todas as pessoas que gosto, gostem de mim...
Nem que eu faça a falta que elas me fazem, o importante pra mim é saber que eu, em algum momento, fui insubstituível...
E que esse momento será inesquecível...
Só quero que meu sentimento seja valorizado.
Quero sempre poder ter um sorriso estampando em meu rosto, mesmo quando a situação não for muito alegre...
E que esse meu sorriso consiga transmitir paz para os que estiverem ao meu redor.
Quero poder fechar meus olhos e imaginar alguém...e poder ter a absoluta certeza de que esse alguém também pensa em mim quando fecha os olhos, que faço falta quando não estou por perto.
Queria ter a certeza de que apesar de minhas renúncias e loucuras, alguém me valoriza pelo que sou, não pelo que tenho...
Que me veja como um ser humano completo, que abusa demais dos bons sentimentos que a vida lhe proporciona, que dê valor ao que realmente importa, que é meu sentimento...e não brinque com ele.
E que esse alguém me peça para que eu nunca mude, para que eu nunca cresça, para que eu seja sempre eu mesmo.
Não quero brigar com o mundo, mas se um dia isso acontecer, quero ter forças suficientes para mostrar a ele que o amor existe...
Que ele é superior ao ódio e ao rancor, e que não existe vitória sem humildade e paz.
Quero poder acreditar que mesmo se hoje eu fracassar, amanhã será outro dia, e se eu não desistir dos meus sonhos e propósitos, talvez obterei êxito e serei plenamente feliz.
Que eu nunca deixe minha esperança ser abalada por palavras pessimistas...
Que a esperança nunca me pareça um NÃO que a gente teima em maquiá-lo de verde e entendê-lo como SIM.
Quero poder ter a liberdade de dizer o que sinto a uma pessoa, de poder dizer a alguém o quanto ele é especial e importante pra mim, sem ter de me preocupar com terceiros... Sem correr o risco de ferir uma ou mais pessoas com esse sentimento.
Quero, um dia, poder dizer às pessoas que nada foi em vão...
Que o amor existe, que vale a pena se doar às amizades a às pessoas, que a vida é bela sim, e que eu sempre dei o melhor de mim... e que valeu a pena.
Mário Quintana